Projeto 2023
Brasil: é feito de quê?
Cantos, contos e encontros
Nos últimos anos, a experiência da pandemia e o término da quarentena nos provocaram a pensar sobre o que é conviver. A tais questões, somamos o cenário político polarizado e os desafios sociais contemporâneos de nosso país, e chegamos a uma conclusão inevitável: refletir sobre o Brasil e as suas diversidades é absolutamente fundamental.
Importante dizer que essas e outras considerações, tão destacadas na sociedade brasileira, saltaram aos olhos nas assembleias consultivas convocadas para a elaboração do projeto 2023 na Sá Pereira: estudantes, professores e familiares convergiram quanto à importância do tema.
Pretendemos valorizar a importância da luta cotidiana de cada um e de todos nós, da construção de afetos e pontes para construir uma sociedade mais dialógica, que valorize, conheça e preserve a diversidade cultural e socioambiental do nosso país.
Resgatando memórias, reconhecendo o diverso e projetando um futuro possível para todos.
Será preciso, então, conhecer esse Brasil. Seu imaginário, sua diversa identidade, seus cantos, territórios e paisagens, suas histórias e vozes, seus aromas e sabores, seus biomas. Ou seja, queremos olhar para nós mesmos, para aquilo que nos constitui enquanto brasileiros. Pretendemos, assim, lançar luz ao que Luiz Antonio Simas tão ricamente chama de “brasilidades”. O que entendemos por “cultura brasileira” – ou poderíamos falar em “culturas brasileiras”?
Segundo Marilena Chauí, a palavra “cultura” vem do verbo latino colere, que significa “cuidar”. Daí derivam agricultura, cuidar da terra; culto religioso, cuidar dos deuses; puericultura, cuidar das crianças… A cultura seria, assim, a capacidade dos seres humanos de se relacionarem com o ausente, através de símbolos. E se compõe pela linguagem, a partir da qual se torna presente o que está ausente; e pelo trabalho, que faz surgir no mundo o que não existia. É todo processo humano de criação e recriação das formas de viver.
Ao invés de sintetizar o Brasil, queremos resgatar e conectar narrativas, e reconectar-nos às ancestralidades. Acreditamos que, a partir de nossa capacidade inventiva, podemos refletir e reinventar padrões e tradições construídos historicamente, tendo a Ciência e suas múltiplas áreas como caminhos para entendê-los; relacionar-nos com a natureza para viver e ressignificar o humano; e nos expressar através da Arte, inclusive as suas expressões mais populares, para experienciar tais brasilidades.
Como nos diz o artista Elian Almeida ao intitular sua obra acima, “O importante é inventar o Brasil que queremos”.